Renan chegará como uma aposta, mas não escapará de carregar nos ombros o peso de ser goleiro do Corinthians. Mais do que defender a meta de um dos clubes mais importantes do país, ele terá uma missão que quase ninguém conseguiu realizar nos últimos dez anos: passar confiança. Contratações de peso, estrangeiros e garotos vindos da base bem que tentaram virar referência, mas o ídolo Dida ainda deixa saudade no torcedor alvinegro.
Apenas 53 partidas foram suficientes para o goleiro entrar para a história do Timão com quatro títulos – Mundial (2000), Brasileirão (1999), Copa do Brasil (2002) e Torneio Rio-São Paulo (2000). Exímio pegador de pênaltis, Dida não só conquistou a Fiel como se transformou em símbolo para os anos seguintes. Desde que chegou ao poder, em 2007, o presidente Andrés Sanches nunca escondeu que gostaria de contratá-lo novamente, mas esbarrou no Milan para obter a liberação.
Sem Dida, uma “maldição” atingiu a camisa 1 corintiana. As tentativas de sucesso foram muitas. A começar por contratações de atletas que se destacaram em outros clubes. Doni, vice-campeão paulista pelo Botafogo em 2001, foi o primeiro a alternar bons e maus momentos e a despertar certa desconfiança. O sucesso veio apenas bem longe, na Itália, onde chegou à Seleção Brasileira defendendo o Roma.
O Timão buscou também o gigante Silvio Luiz, ex-São Caetano, em 2006. O desempenho foi muito abaixo daquele do Azulão e o lugar na equipe logo escapou das mãos. No ano seguinte, foi a vez de Jean, ídolo da Ponte Preta. Apesar da experiência, não soube conviver com a pressão e logo foi encostado. No total, ficou mais de um ano treinando separado em Itaquera e recebendo normalmente.
Se no mercado interno encontrar boas opções estava difícil, o Corinthians decidiu apostar nos gringos. O chileno Johnny Herrera chegou em 2006 credenciado por boas atuações pelo Universidad de Chile. Mas, em São Paulo, não se firmou durante a turbulenta parceria com a MSI. Em 2010, foi a vez de um paraguaio. O veterano Bobadilla, que havia atuado até pelo Boca Juniors-ARG, foi contratado para ser titular, mas sequer estreou pelo clube por causa da boa fase de Julio Cesar. Sem espaço para jogar, pediu a rescisão de contrato e acertou com o Olimpia-PAR.
Apenas dois conseguiram se aproximar de Dida. O primeiro foi Fábio Costa, campeão nacional em 2005. Apesar de polêmicas com o técnico Daniel Passarela, tinha moral com os torcedores, mas optou por ir embora logo após aquele Brasileirão. O outro foi Felipe. Mesmo sendo rebaixado para a Série B e tendo falhado na decisão da Copa do Brasil de 2008, chegou a ser idolatrado com os títulos da Segundona, da Copa do Brasil (2009) e do Paulistão (2009). Entretanto, os problemas arranharam sua história. Ele entrou em atrito com o presidente Andrés Sanches diversas vezes e pediu para ser negociado. Pedido atendido em 2010.
Os goleiros que mais sofreram no Corinthians vieram das categorias de base. A lista é grande: Rubinho, Tiago, Marcelo, Rafael Santos e Julio Cesar. O último, aliás, é a mais nova vítima de toda maldição. O erro na decisão do último Campeonato Paulista fez a diretoria voltar ao mercado para buscar uma nova opção. Renan, de apenas 20 anos, mostrou qualidade no Avaí, mas terá que começar do zero se quiser fazer sucesso no Timão. Julio Cesar, aliás, explica bem o que é vestir a camisa 1.
- No Corinthians, nem disputa de par ou ímpar não tem pressão – admitiu.
Fonte:GLOBO.COM
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